sábado, 14 de agosto de 2010

Divagações sobre cidade, dramaturgias e encenação


Por uma mulher honesta

De dentro do prédio de vidro, a cidade de Guarulhos revela-se em seus mínimos detalhes. A imagem que se vê é fascinante e assustadora ao mesmo tempo. A cidade que parece que nunca descansa, naquela manhã estava ainda mais agitada, barulho, carros, pessoas e buzinas. Dentro, som ambiente de música clássica, burburinhos, dúvidas, cálculos e computadores. Eis que surge um homem que atravessa o departamento com uma maquete, não é qualquer uma, e sim a ponte, o novo marco da cidade. Moderna, monumental, mas que poderia ser mais funcional.

Do lado de dentro do prédio de vidro comecei a divagar sobre o homem honesto e uma das dramaturgias do espetáculo: o som. E imaginei este homem em cima do novo marco de uma cidade, observando o fluxo constante de veículos coloridos e de tamanhos diferentes que sobem e descem o viaduto sem se bater, como se estivessem em uma coreografia, o único momento do encontro é o que chamamos de engarrafamento: no desembocar da pista lateral que dá acesso à rodovia. Neste momento, é como se não existisse mais a música que os carros que passavam faziam e o homem honesto começa a rodopiar já que a poesia está dentro dele, o seu fluxo interno continua independente do que se passa lá fora. Ele se transforma em um príncipe canário e sai voando pelo céu azul, vai contra a ordem do dia, sua poesia o leva...

É neste instante que entra o som, na coreografia que está no espetáculo do homem honesto em alguns momentos não temos a música clássica que impulsiona os seus movimentos e mesmo assim ele continua o seu caminho. O que move este homem? Com o som ou na ausência dele as suas inquietações não cessam.

Pensando nos habitantes desse país e na histeria do cotidiano deles a minha divagação vai além e no silêncio imagino todos exaustos e caídos, como se precisassem de um impulso exterior e não tivessem esta força interna que faz com que este homem seja um homem honesto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante o seu texto, talvez esse novo marco da cidade pudesse ser a casa desse homem, afinal de contas essa ponte tem que servir para alguma coisa. Não dá pra pensar que ela só nos levará para Shangrilá!!!

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