terça-feira, 7 de setembro de 2010

Carta ao Jardim de Magnólias

Por Luciano
Reflexão esparsa para as Instalações Cênicas.
Como disse no sábado passado, tem algo na imagem que me fascina: é a sua realidade.
Isso significa não vê-la como representação de algum movimento psicológico ou psicologizante, não buscar nela um conceito, e nem as relações originais ou não entre os signos que a compõem, não querer encontrar sua estrutura, ou construir sua estrutura, seus andaimes, e também não tê-la como ou na contemplação.
Penso que a grande alteração na percepção está em não mais VÊ-LA, mas VIVÊ-LA como realidade. Como os homens do paleolítico, como os mitos, como rito, como espaço e tempo dado, e vivenciado. Então, vejo que a força de nossas instalações está na presença dos corpos orgânicos e inorgânicos naquele que será o aqui agora de cada dia de congresso.
“O fenômeno que propriamente aqui deve ser entendido não é o conteúdo da representação mítica como tal, mas a significação que esse conteúdo possui para a consciência humana e o poder espiritual que exerce sobre ela. Não constitui problema o conteúdo material da mitologia, mas a intensidade com a qual ele é vivido, com a qual se crê nele (tal como se crê apenas em algo objetivamente existente e efetivo). Já ante esse fato primordial da consciência mítica fracassa toda tentativa de ver sua raiz numa ficção, seja ela poética ou filosófica. Pois mesmo admitindo que por esse caminho o teor puramente teórico e intelectual do mítico pudesse se fazer compreensível, mesmo assim permaneceria inteiramente inexplicada a por assim dizer dinâmica da consciência mítica , a incomparável força que sempre prova na história do espírito humano.”
Revisito A Filosofia das Formas Simbólicas, de Ernest Cassirer, por causa de outras questões. Mas, nesse meu processo, não pude deixar de refletir sobre nosso trabalho a partir desse estímulo. Então, peguei outro trecho e substitui a palavra MITO pela palavra IMAGEM, por brincadeira. Eis o que deu:
“O caminho da verdadeira especulação, porém, é diretamente oposto à direção tomada por uma consideração de tal forma aniquiladora. Ela não quer decompor analiticamente, mas quer entender sinteticamente; ela quer voltar ao elemento positivo último do espírito e da vida. E também a IMAGEM deve ser compreendida como um tal elemento inteiramente positivo. Seu entendimento filosófico começa com a idéia de que ele não se move num mundo de pura “invenção” ou “poesia”, mas que lhe compete um modo próprio de necessidade, e com isso, de acordo com o conceito de objeto da filosofia idealista, um modo próprio de realidade.”
Depois dessa brincadeira, parei para fazer e tomar um café. E enquanto isso, novo jogo entre as palavras NECESSIDADE e REALIDADE. Busquei saber em mim quais eram aquelas imagens necessárias. Olha meu erro!!! Parei de procurar, e tomei café MoKa Extra Forte, o melhor de todos!!! 
Ora, sendo assim, as instalações são uma realidade!
Livro citado:     A Filosofia das Formas Simbólicas / II – O Pensamento Mítico
                        Autor: Ernst Cassirer / Editora Martins Fontes

2 comentários:

Anônimo disse...

Também tenho pensado dobre necessidade e realidade. Obrigado pela dica de livro.
Beijos pro ceis!!!

Anônimo disse...

Vi o tabalho de vocês hoje na Unifesp. Achei tudo incrível. estarei lá amanhã

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