sábado, 1 de fevereiro de 2014

Cia Teatro dos Orelhas apresenta Casca Branca


A Cia Teatro dos Orelhas criou o blog http://aldeados.blogspot.com.br/ com o processo de montagem de seu novo espetáculo "Casca Branca". 

O espetáculo teatral é resultado do projeto contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura de Guarulhos (FunCultura) denominado “Guarulhos e os Maromomi: a tribo com olhos para o céu”. A peça surgiu a partir do diálogo entre o livro Maromomi – os primeiros habitantes de Guarulhos, de Benedito Prezia, e o conto A Tribo com Olhos para o Céu, de Ítalo Calvino.

A nova peça da Cia fala sobre o aldeamento de uma tribo Maromomi que ocorreu no centro da cidade de Guarulhos onde atualmente está situada a Igreja Matriz, segundo o pesquisador Benedito Prezia. Somente três atrizes trocam de papéis entre índios, jesuítas e paulistas para exporem os conflitos de um povo andarilho, nômade, que teve que permanecer assentado por aproximadamente 60 anos até sua fuga e desaparecimento.

Em breve divulgaremos a data da estreia em Guarulhos!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Cia. Teatro dos Orelhas completa 8 anos: conheça um pouco o nosso trabalho!















ESPETÁCULO AS CIDADES INVISÍVEIS - Projeto Calvino
            Realizado no ano de 2010 com 50 jovens que participaram do Projeto As Cidades Invisíveis, inspirado na obra homônima de Ítalo Calvino. Projeto Premiado pelo FunCultura e com apoio institucional da Unifesp - campus Guarulhos. O espetáculo percorreu os principais teatros da cidade e foi convidado para participar do sarau lítero-musical Chama Poética, patrocinado pela Secretaria de Estado da Cultura.



















INTERVENÇÕES CÊNICAS - Projeto Calvino
A Cia. foi convidada para participar do I Congresso Internacional Texto-Imagem que aconteceu no segundo semestre de 2010 no campus da Unifesp Guarulhos.




ESPETÁCULO MARIANA CONTA QUATRO

A Cia. realizou temporada no Teatro Julia Bergman/SP em 2006.
Em homenagem ao centenário de morte de Henrik Ibsen, Karl Erik Schollhammer organizou o livro Henrik Ibsen no Brasil publicado pela 7 LETRAS e Editora PUC-Rio no ano de 2008.
Dentre os ensaios reunidos encontra-se Mariana Conta Quatro: uma experiência a partir de Ibsen, depoimento sobre o processo de montagem do espetáculo teatral Mariana Conta Quatro, adaptação da Cia. Teatro dos Orelhas da obra John Gabriel Borkman, de Henrik Ibsen.




Jornal da Tarde





ESPETÁCULO O MISTÉRIO DAS JANELAS 

Premiado pelo FunCultura no ano de 2004. A Cia. realizou 30 apresentações em espaços alternativos da cidade como parques, praças, bibliotecas etc. Também, apresentou no Teatro Adamastor Centro (Projeto Teatro Aberto) e no Teatro de Arena Eugênio Kusnet/SP.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Aquele abraço... só pra dizer que ainda estamos vivos.





Grito mudo

De uma ovelha perdida numa ilha tentando achar o Mar
 
Quis aprender sozinha e perdi a inocência
Aprendi a saber melhor o que não sei
Era preciso reaprender a olhar tudo como se pela primeira vez
Eu olhei como se fosse a última
.
.
.
O que atrapalha a criação é a presunção de que somos capazes de criar
Existe algo de óbvio ululante que não compartilho
O grito está mudo agora. 
 

domingo, 26 de junho de 2011


Para ampliar clique na imagem

PELO TEATRO E PELA DANÇA DE GUARULHOS

 

Ministério Público abre Inquérito Civil para apurar denúncia de não cumprimento da lei que institui o Programa Municipal de Fomento ao Teatro e à Dança para a cidade de Guarulhos.

 

O primeiro promotor de justiça de Guarulhos, Sr. Nadin Mazloum, resolveu no último dia 09 de junho instaurar INQUÉRITO CIVIL (portaria 193/2011) para averiguar os motivos que levaram a Secretaria Municipal de Cultura da referida cidade a não executar a Lei 6.628, que institui o Programa Municipal de Fomento ao Teatro e à Dança para a cidade de Guarulhos, publicada no Diário Oficial em 08/01/2010.

Pela lei, tal programa tem a "finalidade de apoiar a continuidade e criação de projetos de trabalho de pesquisa e produção cênica nas áreas de teatro e dança, visando o aprimoramento e melhor acesso da população aos bens culturais e sua produção". Também por esta mesma legislação, o programa fica vinculado à Secretaria Municipal de Cultura.

A inércia desta secretaria neste sentido e em outros, que a caracteriza mais como uma adepta à política de eventos e não a uma política de processos culturais criativos, fez com que coletivos artísticos e artistas independentes de Guarulhos se juntassem para discutir a realidade sócio-cultural de sua própria cidade e de seus próprios meios e modos de produção. Estes encontros entre artistas passaram a ser chamados de TAZ – Zona Autônoma Temporária, conceito este criado por Hakim Bey que propõe o livre trânsito de idéias e anseios.

Um dos resultados destes encontros foi elaborar um abaixo-assinado que pediu o cumprimento da lei citada, já que o diálogo direto com o secretário de cultura não foi possível apesar de tentado. Esta petição publica recolheu mais de 2500 assinaturas e teve o apoio da Cooperativa Paulista de Teatro, do senador Eduardo Suplicy, do secretário de políticas culturais Sergio Mamberti e da ministra da cultura Ana de Hollanda. O abaixo-assinado foi entregue no Gabinete do Prefeito, na Secretaria Municipal de Cultura, na Câmara Municipal e na Promotoria de Justiça Cível da Comarca de Guarulhos. Quando da entrega neste último local, a petição se transformou em uma representação e, agora, em inquérito civil.

 

Segue abaixo trechos da portaria que instaurou o inquérito:

 

"O teor da representação encaminhada pelo TAZ Guarulhos – Temporary Autonomus Zone – Zona Temporária, noticiando que em 08 de janeiro de 2010 o Município de Guarulhos editou a Lei 6.628/09, que institui o Programa Municipal de Fomento ao Teatro e à Dança para a cidade de Guarulhos, visando o aprimoramento e melhor acesso da população aos bens culturais e sua produção, mas que até o presente momento, a secretaria de cultura do município se manteve inerte quanto às obrigações da lei;

Que tal fato constitui, em tese, violação a princípios constitucionais e legais pertinentes;"

"...oficie-se ao Prefeito Municipal de Guarulhos, para que preste esclarecimentos sobre os fatos, no prazo de 10 (dez) dias úteis;"

 

TAZ Guarulhos

Encontros ABERTOS entre coletivos artísticos e artistas independentes da cidade de Guarulhos

blog: www.tazguarulhos.blogspot.com

e-mail: tazguarulhos@gmail.com

ENCONTRO LIVRE ENTRE ARTISTAS DE GUARULHOS

ENCONTRO LIVRE ENTRE ARTISTAS DE GUARULHOS:

Conversas em construção sobre ARTE e AÇÃO CULTURAL

 

O conceito de AÇÃO CULTURAL muitas vezes é usado somente para definir ou para se referir a um evento ou a uma atividade específica; seja para a inauguração de um teatro construído, seja para a divulgação de um curso instituído. No entanto, esse conceito pode também agregar uma práxis que traz à tona a CULTURA como valor imaterial, como bem simbólico e como processo em construção que se manifesta por meio de trocas mútuas entre as pessoas. Nesse sentido, e considerando a realidade contemporânea que condiciona desejos e decreta o fim de tudo o que não pode ser mensurado, vendido ou comprado, como a ARTE pode ser um terreno fértil para experimentações sócio-culturais?   

                Foi a partir dessa reflexão e desse questionamento que surgiu a idéia de realizar um encontro entre artistas da cidade de Guarulhos com o objetivo de escutar o artista em suas inquietações, anseios e sonhos. Esse encontro é organizado por artistas, para artistas, apreciadores das artes e fazedores de cultura.

Local: Casa dos Cordéis

                                                                                Dia: 23 de julho de 2011     

                                                                                                                                                        Horário: das 14h às 20h

 

ESTÍMULOS PARA AS CONVERSAS

Procedimento: registro áudio-visual, com possibilidade de transmissão do encontro em tempo real via internet;

 

12h – Preparação do espaço: produção

 

14h – Para abrir a RODA

Apresentação artística: aproximadamente de 10´ a 15´

- Como surgiu a idéia do encontro? Quais as necessidades artístico-culturais que geraram o encontro?;

- Apresentação da pauta do dia;

 

14h30 – Roda de Conversa I: arte e ação cultural

Perguntas / Estímulos:

1. Quais nossas percepções sobre a realidade sócio-cultural de nossa cidade? Qual nossa identidade?;

2. Quais as relações entre o conceito de ação cultural e indústria cultural?

3. Quais as diferenças entre cultura popular e cultura de massa?

4. Quando e como o artista se transforma em agente cultural?;

Procedimento: Estender um rolo de papel Kraft para servir como registro e memória do encontro, utilizar canetas coloridas que estarão espalhadas pelo chão para esse fim. Selecionar um ou mais pessoas para a produção de um texto sobre essa discussão;

 

16h – Intervalo Artístico I

- Selecionar as atividades artísticas;

Opção: Solicitar para que cada participante do encontro leve um prato de doce ou salgado, e/ou bebida, se possível;

 

17h – Roda de Conversa II: arte e política pública

Perguntas / Estímulos:

- Como e quando uma política pública é uma ação cultural?

- Como lidar com a relação entre uma política de eventos e uma política de processos criativos?;

- Como e quando as políticas públicas viabilizam a linguagem artística?;

- São necessárias políticas públicas para formação de público para as artes?;

Procedimento: Estender um rolo de papel Kraft para servir como registro e memória do encontro, utilizar canetas coloridas que estarão espalhadas pelo chão para esse fim. Selecionar um ou mais pessoas para a produção de um texto sobre essa discussão;

 

18h30 – Intervalo Artístico II

- Selecionar as atividades artísticas;

 

19h30 – Saideira

Perguntas / Estímulos:

- Quais as conclusões desse encontro? Quais as perspectivas desse encontro?;

 

20h - Fim

Apresentação artística: aproximadamente de 10´ a 15´

segunda-feira, 21 de março de 2011

Porta Voz: Ítalo Calvino

Se fosse eleger um porta voz, talvez, o autor de O Visconde Partido ao Meio, Ítalo Calvino. Guerrear com apenas uma metade: a maldade e a bondade que antes andavam  de mãos dadas agora estão separadas: a exacerbação de ambas?  Mas os viscondes partidos de Calvino  são complexos e em cada um existem milhares de verdades. Desvendá-las, quem sabe, com a explosão dessas duas formas, juntando os cacos em busca de novas metades ou algo inteiriço.

               "Ah se pudéssemos saber..."

 


 

domingo, 13 de fevereiro de 2011



PRESTES A UM CONCEITO DE ENCENAÇÃO
Acontece que o que quero é uma repetição contínua dos fatores,
fiquei cansado da ilusão da diversidade.
Voltei para as conversas com Maria Lucia Lee, voltei-me para trigramas do céu anterior.
Voltei para uma maravilhosa análise combinatória das situações:
não quis saber dos hexagramas impressos, quis fazê-los por mim!
Preferi como nunca os RESUMOS!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

SOLILÓQUIO SOBRE QUALQUER PROCESSO DE CRIAÇÃO
 
Solilóquio: aquilo que cada um diz, falando consigo mesmo.
 
Há uma preocupação excessiva com a vida alheia, um tempo gasto com isso.
Tempo esse que elimina qualquer atitude criativa!
Pois cada sol deveria conceber algo de útil para uma vida de paz nesse planeta.
Se não assim, nenhum processo de trabalho se impõe para si e/ou para o outro.
 
Ouço uma música a todo instante.
E evito estar com marketeiros a todo instante, por todos meus momentos aqui.
Mas esse ideal é uma utopia!
No entanto, ainda estou vivo.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

BLOG DA TAZ

Grupos de teatro da cidade de Guarulhos se encontram periodicamente para compartilhar suas questões e inquietações artísticas. Esses encontros são chamados de TAZ, conceito este criado por Hakim Bey e significa ZONA AUTÔNOMA TEMPORÁRIA.

Acompanhem no endereço: http://tazguarulhos.blogspot.com/

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011


OUTRO DIA E O TRABALHO PARA UM ESPETÁCULO

Outro dia, permaneci em outra consciência,
não era a minha.

Caminhava toda a manhã feliz.
Dizia coisas bonitas e edificantes para todos que encontrava.
E até pensei em um espetáculo para passar uma mensagem.

PORRA!!!

Outro dia, permaneci em outra consciência,
não era a minha.

Tomara Amigos Zoem

(se puder, e tiver tempo, leia de novo ouvindo o Plantio do Caboclo do maestro Heitor Villa-Lobos)



quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Sobre a TAZ: Chomsky e Foucault


Caros,


Sete minutos e cinqüenta e sete segundos para se criticar uma zona autônoma temporária E/OU sete minutos e cinquenta e sete segundos para os pelegos de plantão morrerem ao telefone:


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

SINTAXE
do encenador no meio da cena
 
Posso estudar sozinho, não vejo problema nisso.
O que me inquieta é a prisão de minha sintaxe, quando falo sobre o que estudo.
Porque minha sintaxe anda definindo o que penso, de uns tempos para cá.
Então, vejo no outro as falas que ele diz ter ouvido de mim.
Não as reconheço, mas sei que saíram de mim.
O outro me olha surpreso, e eu também a ele.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Programação da mostra que será apresentado o espetáculo Cidades Invisíveis no domingo 05/12




quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Cidades Invisíveis no Teatro Adamastor Centro


No próximo domingo dia 31/10 tem apresentação no Teatro Adamastor Centro às 19h00. Para maiores informações entrem em nosso blog do Projeto Calvino: http://projetocalvino.blogspot.com/




segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Vídeo apresenta Projeto Calvino: Cidades Invisiveis.

Assista o vídeo que fala como surgiu o Projeto Calvino que gerou o espetáculo que estréia sexta-feira dia 15/10 no Adamastor Pimentas...

domingo, 10 de outubro de 2010

Estréia: Cidades Invisíveis

Sexta-feira temos estréia do espetáculo "As Cidades invisíveis". Segue abaixo o cartaz com todas as datas e horários:


Aguardamos a sua presença!!!!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

I CONGRESSO INTERNACIONAL TEXTO-IMAGEM

Na quarta-feira fizemos mais uma intervenção na Unifesp no I Congresso Internacional - TEXTO E IMAGEM. Abaixo segue um vídeo com alguns momentos...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

I congresso Internacional Texto - Imagem

Segue abaixo um vídeo da intervenção que realizamos ontem no I Congresso Internacional TEXTO-IMAGEM na Unifesp.


 

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Que seja lido como resposta a um e-mail.



Sim,

Recebemos um convite para participarmos do I Congresso Internacional TEXTO-IMAGEM durante um processo de montagem, no momento em que tentávamos formular uma pergunta para nós mesmos, enquanto tentávamos verbalizar, por mais contraditório que isso possa parecer, uma inquietação artística que se prolonga faz alguns anos, no momento em que trabalhávamos com jovens aqui de Guarulhos. Estávamos em um território chamado VISIBILIDADE, uma das seis propostas para o próximo milênio de Ítalo Calvino.

“Se incluí a Visibilidade em minha lista de valores a preservar foi para advertir que estamos correndo o perigo de perder uma faculdade humana fundamental: a capacidade de pôr em foco visões de olhos fechados, de fazer brotar cores e formas de um alinhamento de caracteres alfabéticos negros sobre uma página branca, de pensar por imagens. Penso numa possível pedagogia da imaginação que nos habitue a controlar a própria visão interior sem sufocá-la e sem, por outro lado, deixá-la cair num confuso e passageiro fantasiar, mas permitindo que as imagens se cristalizem numa forma bem definida, memorável, autosuficiente, “icástica”.”

O que muito falávamos era a obra de Calvino não como texto a ser transposto da linguagem literária para a cênica, mas como poética de um teatro inspirado na imagem e, da formação dessa imagem a partir do gesto do ator. Eis a inquietação ao que nos parece perpétua!

Posto isso, que essas “instalações” sejam como materialidades parciais, não tanto do processo de montagem, e sim como pontos precisos da construção de nosso conhecimento.

Cia. Teatro dos Orelhas e Grupo Teatro da Chuva

Temporary Autonomus Zone – TAZ

Zona Autônoma Temporária, de Hakim Bey

“A TAZ é uma espécie de rebelião que não confronta o Estado diretamente, uma operação de guerrilha que libera uma área (de terra, de tempo, de imaginação) e se dissolve para se re-fazer em outro lugar e outro momento, antes que o Estado possa esmagá-la...”




“Uma vez que o Estado se preocupa primordialmente com a Simulação, e não com a substância, a TAZ pode, em relativa paz e por um bom tempo, “ocupar” clandestinamente essas áreas e realizar seus PROPÓSITOS FESTIVOS”


Breve,

em uma praça qualquer pertinho de você

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Carta ao Jardim de Magnólias

Por Luciano
Reflexão esparsa para as Instalações Cênicas.
Como disse no sábado passado, tem algo na imagem que me fascina: é a sua realidade.
Isso significa não vê-la como representação de algum movimento psicológico ou psicologizante, não buscar nela um conceito, e nem as relações originais ou não entre os signos que a compõem, não querer encontrar sua estrutura, ou construir sua estrutura, seus andaimes, e também não tê-la como ou na contemplação.
Penso que a grande alteração na percepção está em não mais VÊ-LA, mas VIVÊ-LA como realidade. Como os homens do paleolítico, como os mitos, como rito, como espaço e tempo dado, e vivenciado. Então, vejo que a força de nossas instalações está na presença dos corpos orgânicos e inorgânicos naquele que será o aqui agora de cada dia de congresso.
“O fenômeno que propriamente aqui deve ser entendido não é o conteúdo da representação mítica como tal, mas a significação que esse conteúdo possui para a consciência humana e o poder espiritual que exerce sobre ela. Não constitui problema o conteúdo material da mitologia, mas a intensidade com a qual ele é vivido, com a qual se crê nele (tal como se crê apenas em algo objetivamente existente e efetivo). Já ante esse fato primordial da consciência mítica fracassa toda tentativa de ver sua raiz numa ficção, seja ela poética ou filosófica. Pois mesmo admitindo que por esse caminho o teor puramente teórico e intelectual do mítico pudesse se fazer compreensível, mesmo assim permaneceria inteiramente inexplicada a por assim dizer dinâmica da consciência mítica , a incomparável força que sempre prova na história do espírito humano.”
Revisito A Filosofia das Formas Simbólicas, de Ernest Cassirer, por causa de outras questões. Mas, nesse meu processo, não pude deixar de refletir sobre nosso trabalho a partir desse estímulo. Então, peguei outro trecho e substitui a palavra MITO pela palavra IMAGEM, por brincadeira. Eis o que deu:
“O caminho da verdadeira especulação, porém, é diretamente oposto à direção tomada por uma consideração de tal forma aniquiladora. Ela não quer decompor analiticamente, mas quer entender sinteticamente; ela quer voltar ao elemento positivo último do espírito e da vida. E também a IMAGEM deve ser compreendida como um tal elemento inteiramente positivo. Seu entendimento filosófico começa com a idéia de que ele não se move num mundo de pura “invenção” ou “poesia”, mas que lhe compete um modo próprio de necessidade, e com isso, de acordo com o conceito de objeto da filosofia idealista, um modo próprio de realidade.”
Depois dessa brincadeira, parei para fazer e tomar um café. E enquanto isso, novo jogo entre as palavras NECESSIDADE e REALIDADE. Busquei saber em mim quais eram aquelas imagens necessárias. Olha meu erro!!! Parei de procurar, e tomei café MoKa Extra Forte, o melhor de todos!!! 
Ora, sendo assim, as instalações são uma realidade!
Livro citado:     A Filosofia das Formas Simbólicas / II – O Pensamento Mítico
                        Autor: Ernst Cassirer / Editora Martins Fontes

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A espera de um milagre...



Por Marília Salles

Sento no banco azul e espero
No assento tenho tempo de ouvir um cento de histórias
Cada cento se prolonga no sinal vermelho que não finda
Encavalados os sinais prolongam as horas
São louvados os louvores a Deus
Pedindo a troca do vermelho para o verde
Até eu que não creio louvo a troca
Na troca não há tempo do alívio  
Há tempo de louvar novamente a troca
Permaneço tempo dobrado pontuando
Pontuo a hora que passou e não poderia ter passado
E aquilo que deveria ser um sinal
No espasmo da troca vira milagre.


domingo, 5 de setembro de 2010

"I Congresso Internacional Texto - Imagem na Unifesp"

Nós da Cia Teatro dos Orelhas e o Teatro da Chuva fomos convidados a participar do "I Congresso Internacional Texto - Imagem" que acontecerá na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) - Campus Guarulhos nos dias 20, 21 e 22 de setembro às 18h. Faremos 3 intervenções nas dependências da Universidade.

No vídeo abaixo o último ensaio:

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

TODOS OS RABOS NO PROCESSO ELEITORAL


Por uma ovelha que não conseguia mais saltar cavaletes, perdia o sono.

Tudo, conforme se espera.

Até que todos pararam, por causa dos cavaletes.

Havia tantos cavaletes nas ruas que ninguém mais podia abrir as pernas; também literalmente.

Não nasciam mais tantas crianças naquele período e alguns motéis fecharam as portas.

Todos estavam comprometidos e já metidos.

Enfurnados em gigantescos quartos onde cada mínimo gesto trazia conseqüências, boas ou más,

Para si e para seus compromissos.

E não importava se os gigantescos quartos fossem praças, ruas, “carriatas” ou “agitaços”

(Todos os erros e abstrações de nossas línguas),

Todos os rabos estavam ligados a todos os rabos.

A esperança de alguns poucos era que algum rabo pudesse enroscar em algum cavalete, e cair,

Tanto quem tem o rabo enroscado como o próprio cavalete.

sábado, 14 de agosto de 2010

Divagações sobre cidade, dramaturgias e encenação


Por uma mulher honesta

De dentro do prédio de vidro, a cidade de Guarulhos revela-se em seus mínimos detalhes. A imagem que se vê é fascinante e assustadora ao mesmo tempo. A cidade que parece que nunca descansa, naquela manhã estava ainda mais agitada, barulho, carros, pessoas e buzinas. Dentro, som ambiente de música clássica, burburinhos, dúvidas, cálculos e computadores. Eis que surge um homem que atravessa o departamento com uma maquete, não é qualquer uma, e sim a ponte, o novo marco da cidade. Moderna, monumental, mas que poderia ser mais funcional.

Do lado de dentro do prédio de vidro comecei a divagar sobre o homem honesto e uma das dramaturgias do espetáculo: o som. E imaginei este homem em cima do novo marco de uma cidade, observando o fluxo constante de veículos coloridos e de tamanhos diferentes que sobem e descem o viaduto sem se bater, como se estivessem em uma coreografia, o único momento do encontro é o que chamamos de engarrafamento: no desembocar da pista lateral que dá acesso à rodovia. Neste momento, é como se não existisse mais a música que os carros que passavam faziam e o homem honesto começa a rodopiar já que a poesia está dentro dele, o seu fluxo interno continua independente do que se passa lá fora. Ele se transforma em um príncipe canário e sai voando pelo céu azul, vai contra a ordem do dia, sua poesia o leva...

É neste instante que entra o som, na coreografia que está no espetáculo do homem honesto em alguns momentos não temos a música clássica que impulsiona os seus movimentos e mesmo assim ele continua o seu caminho. O que move este homem? Com o som ou na ausência dele as suas inquietações não cessam.

Pensando nos habitantes desse país e na histeria do cotidiano deles a minha divagação vai além e no silêncio imagino todos exaustos e caídos, como se precisassem de um impulso exterior e não tivessem esta força interna que faz com que este homem seja um homem honesto.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

La Pecora Nera / Calvino: estudo de cena sobre Ovelha Negra

Para ampliar clique em cima das imagens



sábado, 17 de julho de 2010

UM ENSAIO HONESTO


“Eu queria ser lido pelas pedras” (Manoel de Barros)

A qualidade de ser pedra sempre me deixou instigado, inquieto e curioso em descobrir o que abriga uma pedra. Esquecemos suas composições de minério, o que me interessa é sua poética. A poética existente em uma pedra ultrapassa a própria poesia incrustada na sua superfície, e digo isso devido a sua simplicidade, a forma em se apresentar diante dos nossos olhos.

Buscando um dialogo na qualidade de ser pedra e munido da minha descoberta de ser uma fraude fui ao encontro de um ensaio honesto. O mais engraçado é que levamos nas nossas cabeças uma pronta formalização de como podemos desenvolver o ensaio e de como seremos honesto com esse ensaio. A capacidade de mentirmos para nos mesmos.

Fato é que existe na cidade todo um sistema de comportamento que se basta por si, que se entende nos seus furtos e assim todos vivem sem nenhum incomodo. Até o surgimento de um homem honesto, isso é o suficiente para desestruturação de todo um sistema de comportamento dessa cidade. Pronto temos ai um resumo do espetáculo, partiremos agora para a poética da pedra e do homem honesto.

Assim como a pedra o homem honesto é firme no seu posicionamento em não deixar ser alterado pelo comportamento existente naquela cidade, e firme na sua decisão segue suas longas jornadas noite adentro fumando e vendo a água passar por debaixo da ponte. Só ai vejo os primeiros sinais de poesia, pois não ser alterado diante de tantos apelos exige firmeza de pedra, poesia de pedra. Homem honesto e pedra dispostos aos nossos olhos.

O que é se mostrar por inteiro? Revelar o que realmente se é diante dos olhos de toda uma cidade? Qual estado de inconsciência precisa se atingir para não burlar a si mesmo? Posto diante de uma sala fria e sem nenhuma vida me disparo ao encontro desse ensaio na busca de encontrar a melhor forma de me revelar. Ingênuo, antes mesmo de me atirar do precipício, já garanto a precisão da queda.

Quando depois de algumas tentativas de formalizar a apresentação do homem honesto, decido então não pensar mais em nada, tomo como regra apenas um roteiro do que tem que ser feito, aprofundo minha respiração, dilato ainda mais os espaços vazios da mente e do corpo, repito varias vezes o mesmo roteiro e cada vez mais desconecto qualquer formalização, no momento exato da apresentação, nem mesmo penso sobre formas e conceitos, apenas penso em não me auto programar para o próximo gesto, para o próximo pensamento. Finalmente repetindo mais e mais vezes, não consigo mais pensar sobre nada, nem mesmo sobre quando vai acabar. Quando desconecto totalmente de tudo consigo encontrar algumas formas, elaborar mais claro o conceito. Acaba, fim do ensaio. E lá estava a formalização de corpo honesto diante da cidade. Era mais simples que o sofrimento desperdiçado, tudo era uma questão de não racionalizar, bastávamos apenas verticalizar a minha descoberta em ser fraude e me mostrar sem medos o que realmente sou. Ai vem toda poética de ser pedra e não se deixar abalar por momentâneas rajadas de vento. Vem a poética existente em ser honesto.

Talvez seja isso que realmente nos faz falta, o não pensar sobre a forma durante a descoberta, o meu desespero em querer estar sempre pronto, em conseguir resolver uma cena em apenas um ensaio, fez com que eu me distancia-se do que era o mais simples: o não conceitualizar uma forma, antes mesmo de vivenciá-la.

O processo que está se desenvolvendo na Ovelha Negra segue da forma mais simples, conversas, risadas, olhares... Não se prendendo a grandes descobertas do teatro, nos prendemos as descobertas do humano, o ser humano com suas concepções, seus pensamentos, suas crises, suas virtudes e defeitos, como esses seres se portam diante da sua própria sociedade que por vezes é tão desconhecida por ela, mas que o influencia sem precedentes. Acredito ainda nos desenhos despretensiosos que o corpo propõem, do que num texto pré fabricado e cheio de verborragia inútil. Busco agora o desprendimento das palavra e encontras as linhas do meu corpo atuante contrário a essa sociedade tão acostumada com as automatizações.

Às vezes leio Manoel de Barros para atingir o esquecimento e quando me dou conta ilumina nas minhas veias poesia...

Ricardo Torelly

Julho/2010
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...